Quem você viu quando se olhou no espelho hoje? Quem era aquela pessoa da imagem refletida?
Quantas vezes não nos identificamos com quem vemos?
Olho para aquela mulher, parte reconheço, parte não sei bem quem é, outra não tenho a mínima noção...
Existe dentro de mim desejos que desconheço, porém eles não me ignoram, não me abandonam e trabalham dia e noite como combatentes para que eu lhes dê voz.
São eles, e somente eles que me atiram para fora da minha cama e me empurram para a vida. Eles que me cutucam incessantemente..., porém não os ouço, me são obscuros, não consigo nomear, identificar ou interpretá-los...
Sou exatamente aquela parte de mim que não vejo naquele espelho, mas sou...
Parte aquela que não me conecto, porém me provoca.
“Penso onde não sou; logo sou onde não me penso” – Lacan
Buscamos desde a mais tenra infância agradar nossos “pais,” queremos atenção, carinho etc., precisamos sobreviver e desenvolvemos forma específicas para isso, e esse contorno que aprendemos a nos apresentar nem sempre nos representa, mas não o abandonamos, não modificamos com o tempo... o mantemos intacto...
Vivemos repetindo padrões que conhecemos sem nunca nos questionar... algo falta, algo escapa, algo sobra, nos incomoda, mas seguimos... seguimos, pois muitas vezes é mais fácil, fórmula já aprendida, socialmente aceita, tudo certo, porém frustrante, tão frustrante que adoecemos.
Obviamente que viver em sociedade requer certas regras mínimas de convivência, caso contrário seriamos todos engolidos pelos leões.
Estar encaixado não é de todo mal, porém viver a vida que os outros sonharam para nós como elefantes de circo é perigoso e sem a menor graça. Uma espécie de não viver...
Ou viver com máscaras e fantasias, causando várias de nossas patologias.
Freud nos convida a mergulhar nestes lugares ainda inexplorados... nos convoca a trazer a tona essa parte inconsciente que e onde somos. Elabora-la, ressignifica-la para o tempo atual... Freud nos mostra que somente nós mesmos somos responsáveis por nossas vidas. A Psicanálise nos responsabiliza por tudo o que ocorre em nossa existência, e em troca nos entrega de mãos beijadas as rédeas de nossa própria existência, o que é absolutamente libertador.
Olhar no espelho e nos reconhecer com o personagem principal da nossa vida é o objetivo... 15/01/19
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